sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Um caso Kafkiano!

Carlos Queiroz foi acossado de forma torpe e empurrado para fora da selecção nacional na tentativa de justificar um despedimento sem fundamentação, um verdadeiro caso Kafkiano.
A prestação portuguesa no último mundial de futebol na África do Sul dignificou o país e seria muito difícil alcançar melhores resultados com estes jogadores. Bem sei, que há muito boa gente – mal habituada – que impunham uma outra classificação; à imagem das últimas participações em eventos internacionais. Mas, a Selecção Nacional não tem os mesmos jogadores de outros anos e, os que permaneceram estão numa fase descendente das suas carreiras. Para além disso, Portugal foi eliminado pela selecção espanhola (campeã mundial) com um golo irregular.
No entanto, isto não significa que concorde com todas as opções de Carlos Queiroz, houve opções totalmente insólitas que cabia um evidente esclarecimento: por exemplo o desordenado processo da convocatória – já referida em crónica anterior – ou, a adaptação de Ricardo Costa a lateral direito estando no banco Paulo ferreira e Miguel; a chamada de Pepe – sem competir durante vários meses –; uma relação tensa com alguns jogadores.
Carlos Queiroz era – e é – a pessoa indicada para reformar o futebol português, alguém que tem capacidade para semear futuros craques e relançar as selecções jovens no primeiro plano do futebol mundial.
Mas as opiniões contrárias também são válidas e legítimas.
Se a FPF após o Campeonato do Mundo entendeu que este seleccionador não servia os interesses da Selecção Nacional havia somente uma solução: rescindir o contrato pagando a respectiva indemnização que acordou, honrando assim, os compromissos como uma pessoa colectiva de bem que deve ser.
Infelizmente não tem sido essa a conduta da FPF, e quem sai prejudicado de todo este processo é Portugal, sobretudo quando se apresenta juntamente com Espanha à candidatura do Mundial de 2018 ou 2022 – outra imbecilidade de Madail e deste Governo.
É evidente que houve uma urdidura para afastar Carlos Queiroz da Selecção Nacional por membros da FPF – Amândio de Carvalho e companhia – e outros do Governo – Laurentino Dias e companhia – com a conivência da ADOP, tudo isto para despedir um seleccionador! Um país civilizado da União Europeia comporta-se com um país da América Latina por causa de um seleccionador!
Com centenas de páginas saídas à estampa nestas últimas semanas de libelo e depreciação contra Carlos Queiroz, não há nenhuma acusação de incompetência técnica, que seria a justificação primeira para o seu despedimento.
É verdade que Carlos Queiroz se pôs a jeito e escorregou em todas as cascas de banana que lhe colocaram no caminho, a entrevista ao semanário Expresso é disso um exemplo.
Se Portugal fosse campeão do Mundo haveria algum processo contra o seleccionador?
Obviamente que não!
Neste momento está em risco a qualificação para o próximo europeu e a culpa não é certamente de Carlos Queiroz.
Mourinho na Selecção Nacional por dois jogos
José Mourinho será uma boa solução para orientar os próximos dois jogos da Selecção Nacional? Penso que sim.
É preciso perceber que para Portugal estar presente no próximo Campeonato da Europa 2012 é imperativo vencer os dois próximos jogos, vejamos porquê: a fase de qualificação tem oito jogos, Portugal jogou dois onde averbou um empate e uma derrota, perdendo assim cinco pontos; ora, os próximos dois jogos realizam-se contra a Dinamarca (8 de Outubro) e Islândia (12 de Outubro) – depois destes dois encontros Portugal joga em Junho do próximo ano. Logo, estamos em contagem decrescente e faltam apenas 25 dias para o primeiro desafio. Acresce ainda, que a FPF vai para eleições no final deste ano ou inicio do próximo. Fará sentido contratar apressadamente um seleccionador estando prevista eleições para novos corpos dirigentes? Penso que não.
José Mourinho é o melhor treinador do mundo e tem todas as condições de vencer os próximos dois jogos. Em primeiro lugar, galvanizava os Portugueses no apoio à selecção, sendo um nome que não sofre contestação, chamava a si todo o apoio da nação transferindo e focalizando todas as energias e atenções para os adversários. Em segundo lugar, José Mourinho conhece muitíssimo bem os jogadores da Selecção Nacional, pois, trabalha ou trabalhou com quase todos eles (Ricardo Carvalho, Pepe, Pedro Mendes, José Bosingwa, Helder Postiga, Hugo Almeida, Raul Meireles, Tiago, Cristiano Ronaldo, etc.), tirando enorme rendimento desportivo de todos eles.
É uma aposta de risco para Mourinho, todavia, é igualmente um enorme desafio, pois Mourinho significa sucesso. Tenho dúvidas se o Real o libertará.

Qui bene legit, multa mala tegit – Quem escolhe bem, evita muitos enganos.