quarta-feira, 18 de maio de 2011

Final Inédita

Com toda a justiça estamos a poucas horas da primeira final europeia – Liga Europa – entre duas equipas portuguesas: o S.C Braga e o F.C. Porto e foram as duas equipas mais competentes durante toda a competição.
O meu Benfica poderia estar presente nesta final, não o conseguiu por incompetência e por mérito do Braga. Gorado este meu desejo – que tanto anseio – não vislumbro outra oportunidade tão verosímil nos próximos anos, pelo menos enquanto o meu clube for (in)gerido pelo Rei dos pneus.
Em relação a esta final tenho uma vantagem que muitos portugueses (infelizmente) não têm, sou muito mais português do que benfiquista e, portanto, esta Liga Europa não me traz o sabor aziago da falhada presença do Benfica em detrimento de outros dois clubes portugueses, embora o F.C. Porto seja o nosso maior rival. Mas adiante.
Nesta caminhada da Liga Europa o F.C. Porto foi de longe a melhor equipa durante toda a competição. Superou todos os seus adversários de forma clara, superior e austera. Cilindrou grandes equipas europeias e teve a coragem de assumir a candidatura à conquista do troféu logo no início da competição. Foi claramente uma equipa desenquadrada, todos perceberam que este F.C. Porto é uma equipa do primeiro plano do futebol europeu, isto é, da Liga dos Campeões.
O S.C Braga foi repescado da liga dos Campeões, mas fez um trajecto absolutamente extraordinário. Fez 9 pontos na Liga dos Campeões – normamente seriam suficientes para seguir em frente na competição – e eliminou nas pré-eliminatórias o Celtic Glasgow e o F.C. Sevilha. Repescado para a liga Europa continuou o seu caminho a tombar gigantes europeus - Dinamo Kiev, Liverpool, Benfica... – , com humildade, competência, crer e vontade, palmilharam o caminho até à glória, até ao último jogo onde nada têm a provar; e, se perderem (é o mais certo) será contra uma das grandes equipas mundiais do momento.
Exagero?! Não! Realismo.
Em Janeiro de 2002 numa conversa com antigos colegas da Sonae disse que se o F.C. Porto continuasse a praticar a qualidade do futebol que vinha praticando até então, seria um forte candidato a vencer a Taça UEFA – actual Liga Europa – o riso foi geral e chamaram-me de maluco. Quando o F.C: Porto venceu a Sampedoria de Itália por 4-1 (esteve a perder por 0-1) alguns colegas meus começaram a acreditar que de facto o Porto poderia chegar à final e, por ventura vencê-la. Nessa altura, e com total convicção disse que o F.C. Porto não era equipa de Taça UEFA, era equipa de Liga dos Campeões e, se para o ano a equipa não perder os jogadores mais influentes e jogasse daquela forma teria grandes possibilidades de conquistar a Liga dos Campeões – bem o que fui eu dizer??!! – a gargalhada foi total, mas a verdade é que o F.C. Porto venceu mesmo a Liga dos Campeões.
Tal como hoje, custa-me que não haja ninguém na comunicação social que não se refira à potética final entre F.C. Porto e Boavista. Pois é, o Boavista não esteve presente numa final europeia porque sofreu um golo aos 85 minutos diante o Celtic, um golo que ditou o fracasso ao sucesso, entre a glória e o oculto.
Recordo estes momentos porque há uma similitude clara do que se está a passar actualmente. Gostaria de relembrar o que escrevi neste blog em Junho de 2010 sobre André Villas-Boas, numa altura em que gerava desconfiança e descrença aos adeptos em geral e, aos próprios adeptos e respeitáveis comentadores afectos ao F.C. Porto em particular:
“(..) Pois eu sou da opinião que André Villas-Boas foi também dos melhores técnicos da liga. Pegou na Académica em último lugar (previa-se a descida de divisão), mas rapidamente colocou a Académica fora da linha de água e fez uma temporada tranquila. O Primeiro jogo de Villas-Boas foi contra o F.C Porto, com pouco mais de uma semana de trabalho viram-se imensas melhorias. O jogador que detinha a bola tinha sempre duas linhas de passe, isto é, havia sempre dois colegas desmarcados prontos a receber a bola, isto é trabalho de treinador a sério (ao contrário de Paulo Bento que teve quatro anos no Sporting e os jogadores atropelavam-se mutuamente).
Quando Paulo Bento saiu do Sporting, anunciei que Villas-Boas seria uma excelente contratação e fui bastante criticado. Passados alguns dias o Sporting tentou mesmo a sua contratação com uma proposta a rondar um milhão de euros, mas a Académica recusou. Gorada a ida para o Sporting tive a forte convicção (Outubro ou Novembro de 2009) que Villas-Boas seria o futuro técnico do F.C. Porto, desta vez fui visceralmente glosado, estava ao nível de um atrasado mental. (…)
(…) Houve quem vaticinasse Domingos Paciência e Paulo Bento como possíveis treinadores para o F.C. Porto. Desenganem-se, o primeiro é um treinador razoável mas não para um Grande, quanto ao segundo é uma anedota, até agora ninguém o quis.
Um dos problemas dos mídia em Portugal é que as opiniões se vão repetindo sucessivamente, alguém opina e outros ressoam essas opiniões, demitindo-se do mais elementar para se opinar – o pensamento.
Por tudo o que aqui foi escrito, claro que a contracção do jovem técnico para o F.C. Porto foi uma grande contratação. Parece-me evidente que na próxima temporada vamos ter um Benfica e um F.C. Porto ao mais alto nível.“
Como o meu leitor já deve ter reparado, por tudo quanto escrevi, é claro que tenho a profunda convicção que este F.C. Porto não é equipa da Liga Europa mas sim da Liga dos Campeões. E, tal como sucedeu em 2003, se mantiverem os jogadores mais importantes, obviamente são candidatos à conquista da Liga dos Campeões para a próxima época. Já o disse entre amigos. E, novamente, riram na minha cara…
NOTA: o ano passado o Benfica fez uma excelente temporada, e o F.C. Porto ficou em terceiro lugar com uma equipa superior à actual. Saiu o Bruno alves (no actual plantel não há nenhum central que se lhe compare) e saiu o Raúl Meireles para o Liverpool e considerado o melhor estragueiro na Liga Inglesa, embora para o seu lugar Pinto da Costa tenha contratado João Moutinho.