segunda-feira, 27 de maio de 2013

O pesadelo benfiquista

O impensável aconteceu! A um passo da glória o Benfica mergulhou num inferno de frustração e insucesso. Tão próximo de conquistar três troféus perdeu no Dragão com o F.C. Porto nos descontos (um empate servia para ser campeão), perdeu a Liga Europa com o Chelsea nos descontos e perde a final da Taça de Portugal com o Vitória de Guimarães sofrendo dois golos em dois minutos de forma inacreditável. A tudo isto, alastram-se problemas de indisciplina e contestação ao treinador Jorge Jesus, culminando com a reação descontrolada de Cardozo no final da taça de Portugal. Portanto, é normal a contestação dos sócios e dos benfiquistas sobre a continuidade de Jorge Jesus no comando técnico.
 
Na anterior crónica defendi que o Luís Filipe Vieira devia ter anunciado a renovação com Jorge Jesus antes da final da Liga Europa, de forma a exercer uma liderança pró-ativa transpondo para a equipa um sinal de continuidade e estabilidade. As declarações à impressa após o jogo do Chelsea respondendo a uma pergunta de um jornalista sobre a continuidade de Jesus, LFV respondeu:”…se calhar não são dois mas quatro anos de contrato…”. Ora, LFV tem cerca de 18 anos de dirigismo desportivo, ainda assim, teima em não acertar os momentos certos para se expor à imprensa nem tão-pouco escolher o timing emocional para proferir declarações.
 
Mas este é o momento certo para tomar decisões e fazer uma análise dos últimos quatro anos de reinado de Jorge Jesus, com a coragem e objetividade. Contrariamente à corrente da maioria, eu apoio a continuidade de Jorge Jesus (gostaria que LFV tivesse a coragem de o manter).
 
O Benfica tem uma estrutura amadora e incompetente, tem sido o Jorge Jesus a “dar o peito às balas” e encurtou enormemente a diferença de performance entre Benfica e Porto. Normalmente, quando as coisas vão de feição LFV chama a si o protagonismo e os créditos do sucesso, mas quando corre menos bem os (ir)responsáveis escondem-se nas costas do Jorge Jesus.
 
É evidente que JJ cometeu muitos erros, provavelmente não cometerá tantos no futuro, mas há determinados aspetos que são desconhecidos do grande público como por exemplo: qual é a responsabilidade do treinador na escolha do plantel? Qual o critério das aquisições e vendas? Por que motivo o treinador tem de adaptar constantemente jogadores a outras posições?
 
A época do Benfica teve um final trágico, mas ainda assim, não tenho nenhumas saudades da era antes de Jesus, não tenho saudades nenhumas dos tempos de Fernando Santos, Camacho ou Quique Flores. Claro que há muitos bons treinadores para treinar o Benfica, mas eu gostaria de ver o Jorge Jesus mais uma época, com o apoio desta direção e acertos no plantel.
 
 Auscultare disce, si nescis loqui [Pompónio] – Aprende a ouvir, se não sabes falar.

segunda-feira, 13 de maio de 2013

O jogo do título e Liga Europa?

O jogo de sábado à noite (11/05/2013) entre o F.C. Porto e Benfica no Dragão não foi um grande espetáculo, mas foi dos mais emocionantes dos últimos anos do futebol português. E percebe-se porquê: o F.C. Porto teria forçosamente de vencer esta partida para poder ser campeão dependendo de si próprio, relativamente ao Benfica, a vitória resolveria definitivamente a questão do título. O empate levaria a decisão final para a última jornada: onde os Dragões vão jogar a Paços (com a pré-eliminatória da Champions garantida) e o Benfica recebe o Moreirense que precisa desesperadamente de um ponto para ficar no escalão maior do futebol português.
Ora, facilmente se percebe que a derrota do Benfica foi como entregar o título de bandeja ao F.C. Porto, embora o Benfica ainda tenha cerca de 30% de hipóteses de vencer o campeonato se: vencer o Moreirense em casa e o F.C. Porto não vencer na Mata Real o sensacional Paços de Ferreira.
Não vou falar das opções do jogo do Dragão, porque o meu coração vermelho impede a assertividade e objetividade desta crónica. Por outro lado, se o Benfica não perde o jogo no Dragão e de forma tão dramática, seguramente que todos os jornais e a blogosfera capitularia em calorosos elogios ao Benfica, à sua estrutura, equipa técnica e jogadores.
O motivo desta crónica é outro: é como deve reagir o líder do Benfica Luís Filipe Vieira num momento tão delicado como este? Em que o fantasma do Peseiro no Sporting assola a nação benfiquista, em que o limite da glória e do fracasso é tão ténue que se desfaz num simples sopro sem aviso prévio!
Nestas últimas quatro épocas critiquei de forma veemente as opções e gestão dos recursos do treinador Jorge Jesus, esta, terá sido porventura a época em que menos o critiquei. O Benfica não tem um plantel suficientemente equilibrado para disputar todas as provas, mormente a Liga portuguesa e uma competição europeia.
A estrutura do Benfica encabeçada pelo seu presidente, voltou a cometer os mesmos erros de épocas anteriores, começaram a dar entrevistas demasiado cedo, reservou-se as faixas cedo demais e Vieira protelou a situação contratual de Jesus apesar das afirmações inócuas que “Jorge Jesus é o meu treinador…".
Na quarta-feira o Benfica pode vencer uma competição europeia, e isso é fazer História num clube.
Este é um momento de afirmação (ou não) da liderança de Vieira. O presidente devia viajar com todo o staff para disputar a final em Amsterdão com a renovação do Jorge Jesus resolvida. Seria um ato de liderança e uma mensagem muito forte para todo o grupo trabalho, e um sinal inequívoco de confiança; porque as palavras “Jesus é o meu treinador…” são tão válidas agora, como a dispensa dos seus serviços após o jogo contra o Chelsea.