terça-feira, 9 de junho de 2009

Eleições Europeias 2009

Nas últimas Eleições Europeias o grande derrotado não foi unicamente o Partido Socialista de José Sócrates, foi a própria Democracia. A abstenção ultrapassou os 63% e, com isso, todos os partidos políticos foram fortemente penalizados pela descrença dos cidadãos. Causa-me por isso alguma estranheza que os líderes partidários tenham ignorado o divórcio dos Portugueses com a política, que não se tenham referido ao elevado número de abstencionistas. Cada líder fez a sua análise, aquela que melhor favorecesse o seu partido.

Os Portugueses não se interessam pela Europa, as politicas de Bruxelas dizem pouco aos nossos cidadãos, dizem alguns opinion makers. Não me convenço com esta explicação. Um terço da legislação Portuguesa vem de Bruxelas, mas a verdade, é que nesta campanha eleitoral os partidos alhearam-se de falar sobre a Europa. A oposição preocupou-se em atacar as políticas do Governo – que nada tem a ver com as Eleições Europeias – e observar o jurista Paulo Rangel no discurso da vitória referir que o Governo perdeu a legitimidade de governar, é duma parolice e dum provincianismo que revela bem o carácter da nossa classe política. Por outro lado, o Governo escudou-se sequer a debater ideias – se é que as tinha – com os seus adversários.

Não são os Portugueses que estão longe da Europa e de Bruxelas, são os políticos acanhados de ideias, órfãos de matriz ideológica que afastam os Portugueses da política. Após o 25 de Abril, Portugal tinha líderes com ideias fortes – Álvaro Cunhal, Mário Soares, Sá Carneiro e Freitas do Amaral –, com projectos diferenciados, em que o cidadão poderia escolher um rumo para o país.
Repare meu caro Leitor: quando os partidos se demitem de pensar e debater ideias, o que motiva o cidadão a votar? Quando a palavra é substituída pelo palavreado, que esclarecimento pode ter o cidadão? Quando os partidos se revezam na calúnia, na injúria e na demagogia, que confiança pode ter o cidadão?

Os partidos têm o imperativo moral de falar a verdade aos Portugueses, enquanto isso não acontecer, haverá sempre um divórcio latente entre o cidadão e a politica.

Vitiorum emendatricem legem esse oportet, commendatricemque virtutum [Cícero] – A lei tem de corrigir os vícios e valorizar as virtudes.

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