quarta-feira, 3 de maio de 2023

Erro político de Costa

 Ao contrário do que era esperado, António Costa recusou a demissão do ministro das infraestruturas João Galamba, aumentando as já depauperadas relações institucionais com o Presidente da Republica, Marcelo Rebelo de Sousa.

António Costa está no poder há vários anos sendo politicamente muito hábil a gerir as expetativas das diversas correntes políticas, não é um homem de fazer obra, de executar projetos; limita-se a gerir o poder. Por isso, a geringonça funcionou relativamente bem. Ora, com a maioria absoluta ganha nas últimas eleições, pedia-se menos “habilidade” política e mais ação, que formasse um Governo capaz de fazer as reformas estruturas que o país carece.

O ainda Primeiro-Ministro nunca poderá sair incólume destes últimos acontecimentos (TAP e não só…), mas podia ter assumido os seus erros, remodelar o Governo com pessoas capazes mesmo que fora do espetro partidário, e seguir com a legislatura.

António Costa prefere eleições antecipadas a remodelar o Governo, isso parece-me claro; primeiro, afrontando abertamente o Presidente da Republica mantendo João Galamba, mesmo este tendo mentido; segundo, responsabilizando-se politicamente doravante pelo próprio João Galamba, em que a probabilidade de voltar a estar envolvido em mais polémicas é enorme, João Galamba é como um elefante numa loja de porcelana.

António Costa acredita realmente que não há alternativa a este Governo e que mesmo que Marcelo convoque eleições que o PS vencerá novamente.

Ele está a ler mal o xadrez político, e ao contrário dos comentadores políticos, penso que Marcelo Rebelo Sousa estará muito confortável em dissolver a Assembleia da República e convocar eleições antecipadas.

O líder do PSD Luís Montenegro tem afirmado repetidamente que não fará coligações com partidos populistas, racistas e xenófobos, numa clara alusão ao Chega, chamando a si os votos da direita parlamentar.

Se houver dissolução da Assembleia da República, o PSD pode perfeitamente ambicionar uma vitória nas legislativas e, até mesmo, obter uma maioria absoluta.

Porquê?

Porque o PS vai ser bastante penalizado com o descontentamento do próprio partido e da esquerda em geral, e o Chega vai ser penalizado à direita, porque os votos vão concentrar-se no PSD.

André Ventura também está a ler mal o panorama político, achando que o Chega vai crescer e corre o risco de perder deputados, ou até mesmo a representação parlamentar.

António Costa não foi corajoso, encetou uma fuga desesperada para a frente...

  

Bonis nocet qui malis parcet – Quem poupa os maus, prejudica os bons

  

                                                                    Lisboa, 03 de maio de 2023 

                                                                          José M. T. Gomes

 

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