quinta-feira, 3 de setembro de 2009

«Comentadeiros» da bola

O jogo do Benfica ante o Vitória de Setúbal na passada segunda-feira foi um hino ao futebol de ataque, agraciado com 8 golos (alguns de grande classe). Como benfiquista, claro que foi um deleite ver o meu clube jogar tão bem e marcar tantos golos num só jogo, apesar da genuína simpatia que tenho pelo Vitória.
Mas, este jogo despertou-me um outro interesse, um outro atractivo: que foi observar o comportamento de uma equipa orientada pelo actual treinador do Setúbal, ex-adjunto de Jesualdo Ferreira no F.C Porto e «comentadeiro» no programa Domingo Desportivo na RTP1.
Há muito que o futebol está inventado.
O futebol é um desporto simplicíssimo de se entender.
No entanto, nos últimos anos têm surgido nos mídia alguns «comentadeiros» a que chamo de «arquitectos da bola» como o Carlos Azenha; que chegam ao absurdo de pararem uma imagem de futebol corrido e, dissertarem as mais mirabolantes tácticas e movimentações de jogadores das linhas diagonais e entre-linhas, pressão alta e pressão baixa, como se o futebol fosse um algoritmo ou um jogo de bilhar. Quando comentam antes dos jogos normalmente falham sempre as suas previsões e as suas tácticas.
A agravar esta questão, surgem nas rádios e nos ecrãs de televisão como arautos de um saber pretensamente “científico”. Acresce que os «comentadeiros» empregam expressões absolutamente ridículas, como por exemplo «zona de construção». Alguém que comenta um jogo de futebol e usa a expressão «zona de construção» pode ser levado a sério? A zona de construção é qualquer ponto do campo onde se tenha a bola, qualquer zona do campo serve para construir ou dar inicio a uma jogada. Passaria pela cabeça de algum jogador ou treinador de futebol falar assim?
Mas esta forma muitas vezes absurda de dizer as coisas tem um objectivo: distinguir quem percebe do assunto, criar uma barreira entre os que dominam a «ciência» do futebol e os leigos. E esta distinção é fundamental para dar credibilidade àqueles que eu chamo de «comentadeiros» ou «arquitectos da bola». Como usam uma linguagem que não é a do comum dos mortais, é suposto serem portadores de um saber inacessível à maioria.
Ora, a experiência mostra que estes «saberes», não têm depois qualquer correspondência com a realidade. Carlos Azenha, portador do saber «científico» da bola tem-se revelado um tremendo flop – como atesta o jogo de segunda-feira.
Chamo a atenção que nada tenho contra os comentadores de futebol. Mas, os tais «comentadeiros» surgem perante o público como portadores de uma ciência oculta, inacessível à maioria, que usa os tais termos como «zona de construção» que não estão ao alcance do cidadão comum. E cujos estudos têm um tal pormenor que se diriam perfeitamente científicos. E, sendo ciência, não se discute.

Que absurdo!

2 comentários:

  1. Desta vez, e ao contrário do que escreveste sobre o Paulo Bento, estou em total sintonia contigo.

    Estes homens, fazem qualquer "Olhanense Vs Estrela da Amadora", parecer a mais complicada das equações matemáticas.

    E mais, o consumo excessivo dos comentários destes senhores ( Azenha, Lobo, etc), pode provocar no comum dos amantes do futebol, dúvidas das suas próprias apetências intelectuais para conseguirem ver um jogo de futebol.

    Justiça seja feita ao Joaquim Rita (para mim o mais assertivo comentador de futebol na actualidade)
    Que saudades do Ribeiro Cristovão e do Rui Tovar.

    Abraço, Miguel Castro

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  2. Deixa-me vestir por um instante a tua camisola....

    Como adepto do Futebol de ataque, fiquei agradado pelos golos, pois não são todos os dias que se assistem a 8 (nove) tentos numa partida de futebol...... MAS

    PRIMEIRO

    Fiquei preocupado com o futebol degradante,desorganizado e inventado pelo "Sr. Azelha" ou comentadeiro - logo não será dificil compreender o sucedido

    SEGUNDO

    Fiquei com a impressão que estava a estava a assistir a um jogo do campeonato de Juniores ou Juvenis, tal foi a diferença BRUTAL - DESIGUAL das equipas envolvidas

    bem.....

    Acho que a euforia benfiquista foi desmedida (tal com o orçamento para o futebol das duas equipas), e que derrotar o Vitória com este resultado não foi mais do que uma lição de vida ao Sr. Azelha para o futuro.

    Em suma, concordo contigo sobre o comentadeiro...... mas discordo na tua euforia benfiquista (com sempre) :)

    Com equipas já inventadas, e não por inventar é que vão ser elas!!!!!!

    O teu sempre amigo,

    Hugo Reis

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