sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Portugal: Passado e Futuro

Com o aparecimento e fortalecimento da economia de novos países emergentes como Brasil, China, Índia, Japão e alguns países africanos impeliram a Europa e os EUA para uma crise que há muito não se vivia desde a Segunda Guerra Mundial.
Portugal, sendo uma país periférico inevitavelmente teria de sentir as consequências da crise europeia e americana ao contrário do que fora previsto nos últimos anos por “lunáticos irresponsáveis” que foram perdendo aderência à realidade.
É chocante a descrença anunciada nos debates televisivos, nos telejornais e na imprensa generalizada sobre o futuro dos portugueses e a insistência na cantilena daquilo que chamo “apocalipse social e civilizacional”.
E o que dizer dos que vilipendiam diariamente a Troika como se fosse a causa de todos os infortúnios de Portugal?
Foi a Troika que governou Portugal nos últimos anos?
A Troika emprestou dinheiro porque Portugal solicitou quando estava perto da bancarrota e não havia dinheiro para pagar os salários da Administração Pública. Mas não vale a pena culpabilizar ou lamentar o que deveria ter sido feito e não foi. É tempo de agir.
É verdade que existem muitos portugueses que passam por sérias dificuldades – esses têm de ser poupados: o desemprego atingiu números inimagináveis, as progressões de carreira estão na rua da amargura. Teme-se pelo desemprego e os funcionários públicos andam com o credo na boca.
Infelizmente, muitos portugueses empobreceram e perderam qualidade de vida, porque também inúmeras empresas foram fechando portas em catadupa nos últimos anos.
O mundo mudou, não é mais o mesmo e o tempo não anda para trás. Portanto, há que reinventar um novo país e um novo estado social, arregaçar as mangas e pôr mãos à obra.
Como estávamos não vamos mais estar: desenganem-se os nostálgicos pesarosos.
Os portugueses vão ter de superar os obstáculos que a crise impôs, porque a vida é uma sucessão de demandas, não podemos ter tudo garantido pelo Estado. Lamentar não nos leva a lado nenhum. Cada português erige e forja o presente e o futuro de Portugal, porque cada cidadão tem legitimamente expectativas quanto ao futuro.
Sinceramente eu acredito em Portugal!
Nem sempre conseguimos fazer aquilo que queremos ou gostamos, mas aquele que gosta de fazer aquilo que faz e sente orgulho em fazer melhor, certamente cada dia que passa vai mais longe.
Os próximos tempos vão ser de mudança e agitação, brotando desafios e novos objectivos aos portugueses. E quando a vida nos provoca e incita coragem, arrojo e criatividade e um inabalável espírito de luta e sacrifício só nos pode conduzir a bom porto.
Nem sempre as boas intenções são suficientes para governar, é preciso agir. Perorar com megafone na mão atacando não se sabe bem quem e reclamando disfarçadamente o poder que o povo nunca lhes confiou não nos conduz a lado nenhum.
Confiar no futuro é fitar o presente nos olhos com coragem sem arrogância mas com confiança. Por vezes, o modo como encaramos as dificuldades é que faz toda a diferença: às vezes perguntamo-nos: como conseguiremos ultrapassar mudanças tão radicais que se apresentam diante nós. Como se mudássemos de palco, onde coisas que fazíamos tão bem e éramos reconhecidos precisam ser reaprendidas porque foram superadas pela inexorável passagem do tempo.
O incrível é que justamente diante de situações tão adversas muitos redescobrem o que têm de melhor: a ética, a amizade, a solidariedade, a confiança, a lealdade e a capacidade de criar novas estratégias; tudo isto aflora quando as circunstâncias extraordinárias assim o exigem.
A combinação de energia e inteligência, bem como o equilíbrio entre a razão e a emoção são fundamentais para o pôr Portugal no caminho da vanguarda europeia.
Com a queda do império colonial Portugal apostou tudo na Europa voltando costas ao mar. O mar que nos deu tantas alegrias, glórias e fama. O mar que possibilitou a diáspora portuguesa que labuta em terras longínquas espalhando a nossa portugalidade pelo mundo fora.
O Governo está a adoptar medidas difíceis mas necessárias, impopulares mas realistas, nenhum governante de ânimo leve corta despesas que afectam directamente as famílias. Os ajustamentos que estão a ser efectuados em Portugal são a metade de uma moeda, pois o reverso terá de passar forçosamente pelo investimento (materiais e humanos) que permita o crescimento económico.
Portugal não tem uma grande indústria como têm alguns países da Europa.
Portugal não tem petróleo, ouro, diamantes ou gás natural, mas tem a força das ondas do mar, do vento, um sol radioso durante todo o ano; praias ledas e campos viçosos.
Portugal possui duas enormes riquezas: a sua gente e o legado da língua.
O português é a quinta língua mais falada no mundo. Mais de duzentos milhões de pessoas falam a língua portuguesa. Alguns países da CPLP (Comunidade dos Países de Língua Portuguesa) estão com taxas de crescimento económico brutais. Comungamos o mesmo idioma, a mesma forma de estar e sentir; rimo-nos das mesmas coisas, e isso facilita tudo; nomeadamente os negócios e a cooperação entre países impelidos por interesses comuns.
Foi um erro grasso virar ostensivamente as costas ao mar e apostar tudo na Europa. Nem tudo é preto e nem tudo é branco.


Não é fácil abandonar hábitos e costumes; não é fácil adaptarmos a novos meios ou usar novos recursos nos quais não estamos familiarizados, mas o pessimismo e a insegurança nos momentos de dificuldade só atrapalham. Ainda que as ameaças venham de todos os lados – ou pelo menos, seja essa a nossa percepção –, com agilidade, energia e determinação podemos alcançar um futuro jubiloso.

Depois da tempestade virá a bonança. Sentiremos uma sensação extremamente agradável de chegar ao fim de uma etapa com a consciência do dever cumprido e obter o reconhecimento daqueles que nos rodeiam e a admiração das pessoas que amamos. O orgulho de quem viu nas adversidades e obstáculos a oportunidade de crescer; o orgulho de quem soube passar as turbulências e agruras da vida e vencer… e os portugueses vão vencer!

2 comentários:

  1. Oi Zé.

    Já o meu pai dizia que o futuro era investir no mar.

    Abraço

    Ricardo Velosa

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  2. 1º O mar é, sem dúvida, a porta da saída para o "embrulho" em que nos metemos.

    2º Quando escreves:
    "A combinação de energia e inteligência, bem como o equilíbrio entre a razão e a emoção são fundamentais para o pôr Portugal no caminho da vanguarda europeia"
    Só te podes estar a referir à razão pela qual eu acho que caminhamos a passos largos para uma tecnocracia... e ainda bem!!!!!

    3º Gostei muito da tua expressão:
    "nostálgicos pesarosos"

    Abraço, Miguel Castro

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