segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Caso Madeleine McCann

O desaparecimento da menina Madeleine McCann tem causado rumor em todo o planeta e, nos últimos dias tem dominado a agenda noticiosa dos principais órgãos de informação. Acossarem a aldeia da Luz tem sido excessivamente confrangedor para mim, pois conheço esta aldeia há quase três décadas e não esqueço os bons momentos que ali passei e, foram momentos de grande placidez. Nunca o Algarve foi tão mal referenciado no mundo como agora. Parece que o Algarve se tornou nalguma coutada do Osama Bin Laden.

A menina Madeleine McCann, de 4 anos de idade, desapareceu no dia 03 de Maio de 2007, num quarto, de um aldeamento na aldeia da Luz. Presumivelmente encontrava-se a dormir na companhia, do irmão e da irmã de 2 anos, enquanto os pais, se divertiam durante um jantar a emborcar 14 garrafas de vinho, na companhia dos amigos!

Escreveram, disseram, opinaram alguns. Supuseram, acusaram, insinuaram, compararam, outros. Enfim, este caso tem sido mais do que esventrado na opinião pública. Mesmo assim, hoje segunda-feira 10 de Setembro de 2007, regressa à RTP o programa “Prós & Contras”, com o tema “O Mistério Maddie”, moderado pela Fátima Campos Ferreira.

Comummente não me parece verosímil, que um casal desnorteado pelo desaparecimento duma filha consiga mediatizar este caso em dois ou três dias. Nem mesmo a justificação de serem britânicos e, como tal, reagirem com maior frieza e calculismo perante situações de desespero. Ora, somos todos feitos da mesma massa, uma filha é uma filha. Após o trágico desaparecimento de Maddie, houve outros casos de crianças desaparecidas, mas não tiveram o eco que este teve. Por exemplo na Áustria, também desapareceu uma menina e, foi notícia apenas dois dias, pois nunca mais se soube nada.

O que torna o “Caso Madeleine McCann” tão inaudito e tão mediático?

É necessária uma estrutura forte de marketing, de imagem e meios diplomáticos para atrair tão obstinadamente os principais meios de informação, e colocarem este caso na opinião pública mundial. Não é qualquer pessoa – rico ou pobre – que consegue uma audiência com o Papa. Não se alça uma fundação, um site diário na Internet e angariação de fundos em menos de uma semana. Não se consegue recolher mais de três milhões de euros em três semanas, apelando à comiseração de uns pais destroçados com a irreparável perda de uma filha. A escolha do retrato da menina Madeleine McCann, não foi uma casualidade. É uma fotografia com trejeito extremamente expressivo, que não passa despercebido aos olhos dos que a contemplam. O olhar da menina penetra no olhar de quem observa o retrato há uma empatia muito forte entre a opinião pública e a Madeleine. Isto é o que torna o “Caso Madeleine McCann” tão inaudito e tão mediático.

O que alimenta este caso?

O negócio. Este caso é alimentado pelo negócio dos Media. Quem sustenta a mediatização não tem interesse na resolução deste caso, não tem qualquer atenção pela menina desaparecida. Pelo contrário ceva novos dados, forja provas e fontes de informação, fomenta discórdias entre polícias portugueses e britânicos, arquitecta novos engodos, para impedirem que as investigações decorram o seu processo natural. Os Media inflamam tudo e todos para manterem acesa a discussão pública do “Caso Madeleine McCann”.
Ao contrário do que muitos comentadores têm vindo a dizer, penso que a Polícia Judiciária tem agido de forma diligente. Não confirma nem desmente o que vem difundido nos Media e, penso que deve ser assim. Pois, assegura uma investigação imune à pressão. Há uma investigação, porque há pelo menos um crime, se há um crime, também tem de haver pelo menos um criminoso, se há um ou mais criminosos, têm de ser identificados, acusados e julgados.

Crimina saepe luunt nati scelerata parentum – Muitas vezes os filhos expiam os crimes dos pais.

Lisboa, 10 de Setembro de 2007

Sem comentários:

Enviar um comentário