segunda-feira, 20 de outubro de 2008

O paradoxo da Selecção Nacional

A Selecção Nacional iniciou um novo ciclo com a contratação de Carlos Queiroz, e tem um longo caminho para calcorrear até atingir – mínimo exigível – a qualificação para o próximo mundial 2010 que se realiza na África do Sul. As diferenças em relação ao seu antecessor são evidentes. Desde logo, perfilhou o mérito como condição sine qua non para a convocação dos jogadores ao pináculo do futebol nacional; de seguida, e com pouco tempo de trabalho à frente da Selecção Nacional, pôs a equipa a jogar um futebol atractivo, alegre e empolgante. Apesar disso, no segundo jogo da fase de qualificação para o mundial, Portugal perdeu 2-3 no estádio Alvalade XXI contra a Dinamarca – já vai o tempo em que eram altos, loiros e toscos os dinamarqueses.

Afinal não é esse o desígnio do futebol? O espectáculo, o divertimento?

As críticas foram mais que muitas, a comparação do presente com o passado recente foi inevitável, a escolha dos jogadores foi severamente contestada.

Claro que a mediatização e a indústria do futebol subverte a própria essência do jogo. O futebol é um fenómeno que se desenvolveu – e continua a desenvolver – uma enorme energia popular, parece ter vindo preencher um vazio aberto na sociedade, em parte, pelo abandono das religiões de vastas camadas da população urbana. Apesar de o futebol não ter qualquer doutrina, nem tão-pouco dar qualquer «sentido à vida», liberta o ser humano de um quotidiano que por vezes é pesado e triste. Por isso percebe-se a frustração que se instalou na alma lusa.

Mas não é caso para tanto. Estou convencido que Portugal vai estar presente no próximo mundial, e que a fase de qualificação vai ser superada pelo brio, competência e criatividade dos nossos jogadores.

Portugal perdeu contra a Dinamarca, é certo, mas assistimos a um verdadeiro espectáculo de futebol, e sublinho espectáculo na etimologia da palavra. Por isso, não trocava de forma nenhuma esta derrota, por algumas vitórias insípidas na era de Scolari. A vida está para além do rectângulo verde.

Facti lumina crimen habent – Os olhos é que têm culpa do que aconteceu.

Lisboa, 12 de Setembro de 2008

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