segunda-feira, 20 de outubro de 2008

A vergonha do nosso futebol

O F.C. Porto está impedido de participar na próxima edição da Liga dos Campeões Europeus por ter sido condenado com a subtracção de seis pontos na época que findou. Foi condenado no processo “Apito Dourado” que desembocou no “Apito Final”, por tentativa de corrupção em dois jogos referentes à época de 2002/2003, curiosamente, uma época em que o F.C. Porto foi campeão Europeu, vencendo a Liga dos Campeões e campeão de Portugal. Para além destes feitos, a selecção portuguesa chegou à final do Euro 2004 com a espinha dorsal da equipa do F.C. Porto: Ricardo Carvalho, Nuno Valente, Paulo Ferreira, Costinha, Maniche, Deco.

O que passa para a opinião pública é que o nosso futebol é um jogo de mentira, onde grassa a promiscuidade entre os dirigentes, os árbitros, os empresários e o poder político – quer ao nível do poder local, quer ao nível do poder central.

Quando um presidente da Liga de Clubes – Valentim Loureiro – não tem qualquer pudor em falar regularmente com árbitros e em manter contactos telefónicos recorrentes com os mesmos; quando um presidente de um clube paga viagens a árbitros e, recebe-os na sua residência pessoal em vésperas de jogo; quando os dirigentes se acusam mutuamente de tudo e mais alguma coisa; quando um presidente – Luís Filipe Vieira – aproveita o despeito de uma prostituta para atacar o seu rival – dissimulando assim, a sua incompetência para dirigir um clube; quando um presidente de um clube – Luís Filipe Vieira – é apanhado em escutas telefónicas a pedir os seus árbitros ao presidente da Liga de Clubes e, que não tem vergonha de reclamar a verdade desportiva e reivindicar a ética; é porque realmente o nosso futebol está doente e é uma vergonha.

O F.C. Porto e o seu presidente Pinto da Costa sentem-se injuriados com os processos “Apito Dourado e Final”, o que é preocupante é que têm razão. O que condenou o F.C. Porto foram comportamentos costumeiros no seio do futebol e, que os outros também o fazem. Desde o futebol amador até ao mais alto nível. E, neste particular a indignação dos dirigentes portistas é compreensível.

Pinto da Costa fez do F.C. Porto um clube respeitado na Europa e no Mundo mas, internamente acirrou sempre uma guerra entre Norte e Sul, fez do Sul – e do Benfica em particular – não um adversário, mas um inimigo. Por isso, exalta tantos ódios nos seus adversários/inimigos por um lado. Mas consegue um endeusamento nos seus correligionários e adeptos por outro. Por isso Pinto da Costa é sempre o mais visado, não por ser o pior – se calhar até nem o é – mas por ganhar mais vezes.

Uma coisa é certa: o F.C. Porto é muito maior que Pinto Costa e, o Luís Filipe Vieira é insignificante comparativamente à grandeza do Benfica.

PS – O Estado não deve iludir-se que o futebol se auto-regula. É premente que os órgãos de disciplina e os árbitros sejam tutelados por órgãos externos aos clubes. Só assim, é possível curar o nosso futebol.

Cavendum est ne maior poena quam culpa sit [Cícero] – Deve-se tomar cuidado para que a pena não seja maior do que o crime.

Lisboa, 09 de Junho de 2008

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